Arquivo do blog

domingo, 31 de outubro de 2010

PARABÉNS, DILMA!

Parabéns, Dilma!

Parabéns, Lula!

E, principalmente, parabéns ao povo brasileiro!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

TROPA DE ELITE 2 - resumos do texto original ( não deixe de ler também o texto "Grandes esperanças", dezembro/10 )

Comecemos pelo fim: durante a última cena de “Tropa de Elite 2”, na qual somos levados a sobrevoar Brasília e seus castelos, a voz de Nascimento nos coloca diante da seguinte questão: “quem sustenta tudo isso?”

A verdade é que, se o didatismo não se fizesse presente nas explicações que seguem e que nos levam a deduzir o ponto de vista do diretor ou roteirista do filme, o espectador, largado, sem paraquedas, sob o peso dessa interrogação, talvez fosse capaz de aterrissar em conclusões menos óbvias do que a certeza de que esse preço esteja embutido apenas nos impostos pagos pelo povo e nos maus serviços por ele recebidos, com a insegurança e a corrupção a ameaçarem a todos permanentemente...

Nascimento – ou José Padilha - tem razão sobre o preço alto pago por todos nós. Mas peca ao tentar nos levar a crer que o que sustentamos seja apenas a boa vida de marginais travestidos de políticos... Pois não apenas sustentamos aquilo tudo no sentido de mantê-lo, financiá-lo, mas também no sentido de originá-lo. Com nossas escolhas diárias. Com nossos valores. Com nossa sede consumista. Com cada uma de nossas posturas diante de cada acontecimento... Os valores - aquilo por que um homem vive e morre e algumas vezes mata– são produzidos e transmitidos, em cascata, SEMPRE de cima parabaixo. E aí está a RESPONSABILIDADE de nossas elites, das classes privilegiadas, dos pensadores e intelectuais diante de nossa miséria humana e social.

Pois não é apenas do maconheiro que, em certo sentido, se pode dizer que sustente os traficantes... Outros vícios, como dinheiro e poder e vaidades, além de, por tabela, serem pai e mãe do vício em qualquer droga, são exatamente o que sustentam, alimentam e multiplicam toda a podridão que vemos a nossa volta e embaixo de nós, caso sobrevoemos Brasília ou as casas de muita gente “boa”.

E a classe média colabora: toda vez que, por exemplo, um de seus filhos compra recibos para o imposto de renda ou adquire um produto pirateado ( a cada vez que o povo “dá um jeitinho” diante daquilo que acha injusto, ele se acomoda e se afasta do dia em que, força unida, irá exigir um mundo melhor para todos ), está colaborando na manutenção dessa sociedade doente na qual vivemos.

Repetindo, em pequena escala, os grandes crimes do Capital, o povo enfraquece porque, identificado com seus algozes, torna-se impossível combatê-los...

A verdade é que eu provavelmente, apesar das ressalvas acima,permaneceria muito tempo sob a simples impressão de haver gostado bastante do filme “Tropa de elite 2”, sem, no entanto, conseguir explicar a razão de um certo desconforto a me cutucar a alma, não abrisse no dia seguinte o jornal “O Globo”, deparando com algumas das peças que faltavam no quebra-cabeças posto diante de minha sensibilidade, desde o momento em que assisti ao filme...

O diretor de “Tropa de Elite 2 – o inimigo agora é outro”, ao defender-se apaixonadamente, naquelas páginas, da “acusação” de haver assinado documento em favor da candidatura de Dilma, tratava de me explicar, por linhas transversas, aquilo que ainda não me ficara claro...Ora, não é possível que o cineasta não haja pensado – depois de fazer o filme que fez – na possibilidade de seu nome haver sido incluído ali por algum participante – registre-se que ele teve acesso à lista original, sem o seu nome - de espécie de jogo duplo... Afinal, a publicidade negativa para Dilma a partir do fato seria praticamente garantida... Muito boa ideia no sentido de plantarem a dúvida a respeito do apoio de várias outras personalidades cujos nomes constavam da mesma relação...

E, pode ser que esteja errada, mas, pelo tom incisivo das perguntas feitas ao cineasta, parecia que o jornal, insatisfeito por haver sido“obrigado” a veicular a notícia de apoio tão significativo, como os de Chico Buarque de Holanda e Leonardo Boff, entre outros, queria encontrar uma maneira de diminuir o impacto positivo da notícia que não pudera deixar de dar...

Pelo que conheço de Marcelo Freixo – inspiração para o personagem Fraga – imagino que o deputado haja ficado satisfeito com o “votocrítico” concedido por seu partido, o PSOL, à candidata do PT... Mas José Padilha defendeu-se da possível vinculação de seu nome a ela como se a defesa fosse da acusação de um crime... O fato é que é incompreensível que ele não tenha percebido o quanto faz política, ao afirmar que, não querendo “politizar seu filme”, e não acreditando em qualquer dos candidatos em disputa, permaneceria, sem aderir “a candidato algum nesta eleição pelos motivos explícitos em Tropa deElite 2”... ( Infere-se, da referida matéria, que tais motivos seriam, segundo o cineasta, o fato de os dois partidos, nestas eleições, não terem política de segurança pública. )

Pergunto: reduzir significativamente a pobreza em um país como o nosso, como vem fazendo o governo Lula, não seria, de alguma maneira, ter uma “política de segurança pública”?

Ora, ora, ora, então, sempre que não tivermos o candidato ideal, cruzaremos – cega, interesseira, competitiva, orgulhosamente, ou porqualquer outro motivo - os braços, ao invés de apoiarmos, aquele melhor possível?

Uma das perguntas feitas a Padilha pelo Globo, em relação à pressão que ele teria sofrido para assinar o documento, foi: “E em nenhuma conversa chegaram a dizer abertamente ou a insinuar que, caso não assinasse, você ou o setor de cinema poderia enfrentar problemas com o governo, problemas de verba, de financiamento de filmes?”

Bem, uma vez que o jornal dá a ideia, não posso deixar de desejar perguntar ao cineasta se, por outro lado, ele não usaria de toda essa veemência para se defender da acusação de haver assinado a tal lista em função de espécie de cobrança do Globo, que, de seu lado, parece também bastante interessado no sucesso de “Tropa de Elite 2”...

Observemos ainda o quanto pode ser curioso pensar que a Mídia focalizada criticamente pelo filme é aquela cujo responsável, em sua total omissão diante de trágicos fatos envolvendo a política estadual, declara sobre o governo: “ele é nosso parceiro”.

E não é justamente isso o que a Rede Globo vem tentando nos convencer que está a nos ameaçar caso o presidente Lula/Dilma resolva investir na redução do poderio das empresas de Comunicação? ( Ali, devem haver gostado bastante do filme... )

Como se relacionamentos promíscuos pudessem se estabelecer automaticamente e não por escolha de ambas as partes...

Pois não seria justamente o raciocínio capitalista viciado no desejo de lucrar ilimitadamente aquele mesmo que acaba por levar tantos a crerem que, diante de qualquer redução de “ganhos” - provável em qualquer diminuição de poder -, qualquer pessoa física ou jurídica esteja disposta a corromper-se e a corromper?

Obs. 1) Certamente é trágico constatar que nosso povo, além de possivelmente submetido, durante as eleições, à manipulação a ele imposta por candidaturas milionárias ( com o apoio da mídia? ) - bancadas por interesses privados, quiçá estrangeiros -, vê seu direito ao voto também perversamente manuseado por outro tipo de bandido.

Diante desse quadro aterrador, devemos pensar que, apesar de estar claro que grande parte dos brasileiros ainda precise amadurecer politicamente ( o que é de se esperar em um país recém-saído da ditadura e no qual ainda tem lugar tanta injustiça ), não podemos desmerecer nosso povo por isso. Ou corremos o risco de fortalecer aqueles que ( vide texto “Capitalismo: uma história de amor”, julho/2010 ) desejariam a ele negar o direito de votar.

Afinal, se o povo acaba sendo a grande vítima das próprias “escolhas”, não pode mesmo sofrer qualquer castigo...

Não foi outra senão essa a grande descoberta, a grande conscientização de Nascimento ( o processo de ampliação da consciência desse personagem, em suas idas e vindas, até espocar no ponto sem retorno da vida dedicada à busca de um mundo melhor para todos, é, semdúvida, o ponto alto do filme. Salve Wagner Moura! ). Nascimento fora treinado, como de resto policiais ainda parecem sê-lo no Brasil, para lidar com um mundo totalmente dividido: o “mal” preto e pobre e “burro”, de um lado, e o “bem” branco e rico e “bem educado”, de outro... Matar em "defesa" desse último grupo era parte da programação dentro de Nascimento... Aconteceu, porém, que ele acabou percebendo, a sua volta, a antiga e "legalizada" exploração do homem pelo homem... E Nascimento se percebeu muitas vezes a serviço de criminosos engravatados ( na realidade, tais criminosos nem sempre são políticos perversos mas outro tipo de personalidade – vide no blog “Respeitabilidade e Autoengano”, abril/10 )... Nascimento compreendeu, enfim, de forma global, toda a situação da qual ele também era, de certa forma, vítima. Acordou.

Tão bom se despertássemos todos e nos tornássemos capazes de desejar ardentemente um mundo melhor para todos!

No entanto, o caminho nessa direção parece ser longo...


Ah!, o ser humano... Tanta energia, tanto tempo dedicados ao ego, à vã satisfação dos desejos de um corpo que apodrece a olhos visto, ainda quando submetido a todas as plásticas possíveis e imagináveis...

Imaginem que, diante da atual crise mundial, que só se agrava, a conclusão de especialistas, segundo o jornalista Luiz Antonio Costa, em artigo recentemente publicado pela revista "Carta Capital", é a de que nenhum lado quer ceder a uma negociação que distribua os custos do ajuste: "Todos esperam recuperar ou manter sua própria 'normalidade' à custa dos países mais fracos, assim como, dentro de cada país, banqueiros e empresários tentam manter a sua à custa dos trabalhadores, e parte destes, por sua vez, tenta se proteger expulsando os que estão em condições ainda piores, como os imigrantes sem documentos"...

E é essa mesma estrutura que se repete cotidianamente quando vemos um vizinho agredir o outro; um colega destruir o outro; sempre em nome da competição e do permanente desejo de “lucrar” a qualquer preço...

Graças a Deus, continuo acreditando que tudo seja uma questão de CONSCIÊNCIA e, em nome dela, mais uma vez, lanço mão no blog daquilo que nos fala Michael Moore, em "Capitalismo: uma história de amor...", sobre documento elaborado pelo Citibank.

Ele nos conta que nesse dossiê consta que “os caipiras”não usariam sua força política porque estavam subjugados a outra muito maior. Os ricos contavam era com a ilusão sob a qual vivia cada um daqueles que constituíam os 99% restantes da população de seu país. Ilusão essa que consistia em acreditarem piamente na possibilidade de, se continuassem tentando - através de expedientes muitas vezes nada admiráveis -, poderem um dia usufruir de parte de toda a riqueza, de todos os benefícios e conforto que eles, o 1%, atiravam-lhes na cara todos os dias...


Segundo Moore, a estratégia a ser usada, então, segundo o Citibank, deveria ser continuar a fomentar essa crença, continuar colocando “a cenoura à frente dos caipiras”, para que eles continuassem puxando a carroça. Dispostos a não reclamar das posturas erradas, porque dispostos, aqui e ali, a errar também...

Assim, a verdade é que, combatendo dentro de si mesmo qualquer impulso no sentido de reproduzir os valores capitalistas concentrados basicamente na ganância, na competição, no consumismo desenfreado e na vaidade desmedidas ( em seu nome, do que o homem não tem sido capaz?), o homem consciente ( de qualquer classe social ) já terá feito a sua parte, e poderá disso se orgulhar, a ponto de poder suportar melhor a espera pela transformação de nossa sociedade que, segundo vaticina Nascimento, "sobre" Brasília, infelizmente, "vai demorar".

2) A primeira impressão é a de que “Tropa de Elite 2...” é um ótimofilme... Um filme, ou um livro, qualquer história, enfim, é sempre um recorte do todo. E, como recorte, ele, não há como negar, é bastante bom. Ótimos atores, ótima fotografia, ótimas sequências... Sem falarque, apesar de ser um filme violento e de muitas locações pouco aprazíveis, o enredo quase não nos deixa desviar os olhos da tela.

Em “Capitalismo: uma história de amor” ( veja aqui o texto sobre esse filme, julho/10 ), o magistral cineasta Michael Moore, numa abordagem bem mais abrangente, aponta o total apodrecimento do SISTEMA capitalista, sem se furtar a mostrar, mais uma vez, os tumores do Capital, do mercado financeiro, do setor privado, além de pincelar a deterioração da Justiça...

Seria interessante se observássemos, paralelamente, como Padilha, por sua vez, tentou, durante todo o filme, apropriar-se do vocábulo “sistema”, como se pudesse ele aplicar-se bem aos entrelaçamentos putrefatos apenas entre o legislativo, o executivo e os bandidos nascidos da pobreza... Em suma: ao recorte por ele apresentado da sociedade em que vivemos.

Não pode.

Assim é que, se “Tropa de Elite 2: o inimigo agora é outro” puder ser compreendido como um filme essencialmente neoliberal, temos de admitir que ele é obra de arte das melhores, sobretudo muitíssimo inteligente, ao focalizar a guerra entre pobres e pobres – milicianos, traficantes( do morro ) e populações das favelas; e ainda por cima dando a impressão de haver colocado "corajosamente" o dedo nos grandes culpados ricos da história: os políticos...

Embora, por um lado, não possamos negar que o recorte feito, com percepção afiada, pelo cineasta José Padilha, toque em questões importantes, a ferirem os melhores valores humanos, tanto em relação aos bandidos pobres, quanto aos bandidos “ricos” - políticos - por ele focalizados, precisamos frisar que percebemos, por outro lado, que o filme oculta algo - e que suponho seja o como o setor privado (também o capital estrangeiro? ) pode se articular ao poderio da grande imprensa ( quarto poder ) e à seletividade punitiva do poder judiciário – quadro delineado por Moore -, na constituição da trágica sociedade em que vivemos.

domingo, 17 de outubro de 2010

O que falta aqui...

Theotonio de Paiva não é como eu, simples humanista intuitiva... Ele entende de política profundamente.

Gosta do que escrevo em meu blog, mas é exigente: volta e meia vem me dizer algo sobre eu, em questões de política, ter os "meios" - escrever bem - mas precisar aprimorar as minhas "teses"...

Sei que suas intenções são as melhores...

Assim, enquanto amadureço politicamente - inclusive, lendo-o - e sigo aqui escrevendo aquilo que sinto - e que, claro, tenho visto encontrar eco no coração de muita gente -, sugiro àqueles leitores que desejem mais "substância política" que procurem conhecer os textos publicados por Theotonio de Paiva em seu blog "Cadernos Ensaios".

sábado, 16 de outubro de 2010

Plano B

Uma das piores comédias românticas a que já assisti.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Antes de votar, ouça o seu coração!

Sinceramente, às vezes penso que só continuo firme em meu propósito de votar em Dilma, porque Serra, para mim, não é opção. Talvez menos por ele em si mesmo ( não o conheço ), diga-se de passagem, do que pelo apoio descarado que – posso estar enganada, claro – a grande imprensa e a extrema direita parecem lhe oferecer...

Mas espero que todos os cidadãos progressistas desse país estejam conscientes de que a opção agora não é pelas declarações mais bem formuladas ou produzidas...

A verdade é que, ainda que Dilma pareça haver sido manipulada e pareça algumas vezes sucumbir à ideia de que precisa se curvar muito em busca dos poucos votos que lhe faltam para eleger-se, não podemos nos esquecer de que ela é humana... E seres humanos simplesmente erram.

O que importa agora é sabermos que o PT de Lula – que certamente é progressista e está do lado dos homossexuais, em quaisquer de suas digníssimas lutas; que está do lado das mulheres, INCLUSIVE das mais pobres; que está do lado daqueles que querem acabar com a pouca vergonha do tráfico de drogas, entre outras coisas, porque ele nauseantemente contribui para a manutenção do status quo... Seja por conta da imoral e descarada lavagem de dinheiro, a encher os bolsos daqueles que já têm dele tanto quanto lhes falta em relação aos melhores valores humanos... Seja porque, ao manter cidadãos sob anestésicos de qualquer tipo, acabam por impedir que o clamor por um mundo melhor e mais justo para todos jorre de suas entranhas...

Bem, o que importa é sabermos que esse PT de Lula está do nosso lado. E ponto.

E que os brasileiros progressistas não se esqueçam de que é do PT o Plano Nacional de Direitos Humanos que foi tão atacado pelos setores mais conservadores da sociedade. Setores esses cuja voz se fez ouvir, alto e bom som, através da mesma mídia que agora parece querer se mostrar mais progressista do que a candidata do partido do presidente Lula.

Acontece que é provável que o item que mais incomodou no citado documento haja sido a clara proposta de intensificar-se ainda mais o processo de redistribuição de renda no país ( aclamada conquista do governo Lula ). Que há de se consolidar com os recursos do pré-sal, cujo destino pretendido, o partido de Lula e Dilma faz questão de deixar claro: o povo.

O que podemos dizer, em relação ao partido do outro candidato, com largo histórico de privatizações?...

Sabe, houve um tempo em que eu escolhia meus candidatos observando qual seria aquele que menos poderia agradar à América do Norte... Hoje – e digo-o sem qualquer vergonha de parecer pouco politizada -, escolho-o, observando qual seria aquele que menos estaria agradando à nossa dita imprensa burguesa.

E é assim que sugiro apenas que observem. Que tentem perceber se estão sendo manipulados por matérias “casadas”... E decidam se querem eleger e ser governados pelo representante escolhido por aqueles que levam a candidata preferida pelo povo a se sentir acuada por conta da ambiguidade comum a todo e qualquer ser humano... Principalmente em se tratando de assuntos delicados como o são questões que tanjam à religião...

Enfim, sugiro que decidam se querem votar no candidato daqueles que nos tratam como se fôssemos “Homer Simpson”...

Ou não.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

SOBRE A QUESTÃO DO ABORTO

Infelizmente, para muitas pessoas, fica difícil compreender que grande parte daqueles que se posicionam favoravelmente à legalização, regulamentação e controle social da produção, venda e uso das drogas seja na verdade muito mais contra elas ( vide aqui, a título de exemplo, o artigo “O ópio é o ópio do povo”, março/10 ) do que imenso número daqueles que aprovam a política em torno de sua repressão.

Tenho observado que o mesmo ocorre em relação à compreensão daqueles que defendem a descriminalização do aborto. E percebo que muitos religiosos imaginam que "descriminalizar" ou “legalizar” possa ter conotação de “aprovar”, de julgar legal no sentido de bom e desejável, incentivando-se tal prática.

Mas a realidade é bem outra. Principalmente porque a verdade é que podemos ser contra o aborto e a favor de sua legalização. E pode-se ser hipocritamente contra a sua legalização e a favor de sua prática. Seja diretamente, participando-se de algum triste episódio na vida de uma parenta/amante, por exemplo; seja indiretamente, cruzando-se os braços diante da atual situação, que só tende a piorar, com mais abortos e mais mortes.

A verdade é que, da mesma forma que ocorre em relação à legalização das drogas, a sociedade e os governos que venham a apoiar a descriminalização/legalização do aborto ( republico abaixo artigo “O Programa Nacional de Direitos Humanos e a Descriminalização do Aborto", de fevereiro/10 ) deverão objetivar a implantação de medidas essencialmente a favor da VIDA que objetivem manter sob controle o que ora está completamente descontrolado.

Sem falar que, diante de Deus, acredito ser preferível a defesa da legalização do aborto ( vide no citado artigo sugestão sobre critério - período da gravidez ), que vise a um verdadeiro socorro ( com natural decréscimo do número desses procedimentos ) às mulheres de modo geral - inclusive criando-se possibilidades de orientação, à mulher então acessível, sobre opções como adoção e abrigos para gestantes -, do que o hipócrita posicionamento daqueles que afirmam serem contra a medida e simplesmente "lavam as mãos".

O "Programa Nacional de Direitos Humanos" e a descriminalização do aborto

A descriminalização do aborto não é uma causa feminista, mas humanista. Pelo menos em nosso país. E é bom que eu, que me considero mais espiritualista do que muita gente que afirma “ter uma religião”, diga que não sou propriamente a favor do aborto. Acredito, inclusive, que sua descriminalização não possa deixar de ser acompanhada por um amplo programa que vise também ao esclarecimento quanto a seus efeitos muitas vezes avassaladores sobre o corpo e a alma de uma mulher.

Mas não posso acreditar que tantas mulheres se exponham a riscos tão sérios, entregando-se à dor em mãos curiosas ou pouco escrupulosas, simplesmente porque sejam insensíveis aos apelos da maternidade. E penso que seria análise simplista concluir quanto a espécie de irresponsabilidade de cada mulher que engravide sem querer, mesmo diante de tanta informação sobre os vários métodos anticoncepcionais e sobre o “sexo seguro”.

Na verdade, talvez não seja possível separar de toda a realidade circundante o número imenso de gravidezes voluntariamente interrompidas todo ano no Brasil. Como determinar possível que mulheres e moças ( de todas as classes sociais ), marcadas por um sem número de carências e dores, possam estar lúcidas o suficiente a cada vez que se torne necessário exigir uma camisinha ou esquivar-se do coito iminente? Pois pode ser, quando não sejam coagidas à relação sexual, que paradoxalmente se debatam entre o desejo de virem finalmente a ser felizes – e aí talvez não consigam abrir mão daquele prazer que de repente se lhe ofereça - e o desejo de acabar com tudo de uma vez ... “O que importa” - talvez pensem amorfamente, então - se, depois do prazer, tiver de encarar uma situação difícil ou definitiva, quem sabe uma grave doença?; talvez a libertadora morte...”

Essa trágica situação, na qual está imerso um número maior de mulheres do que talvez possamos imaginar, precisa ser mudada. Justiça social, qualidade de vida e valores humanos são o que a sociedade deve buscar para todos antes de contorcer-se previamente, sem qualquer abertura para uma ampla discussão, em manifestações contra a descriminalização do aborto.Na verdade, seria interessante verificar se são as mesmas pessoas posicionadas contra a descriminalização do aborto a também se posicionarem contra outras medidas propostas pelo “Programa Nacional de Direitos Humanos”. Medidas essas que, visando à redistribuição da renda em nosso país, provavelmente contribuiriam para uma significativa diminuição do número de gravidezes interrompidas. Dentre as mulheres pobres, porque não se sentiriam oprimidas pela fome. Dentre as moças ricas, porque valores humanos importantes sempre se alevantam em uma sociedade voltada para o resgate de qualquer injustiça. E haveria menos gravidezes ( e menos dependentes de qualquer droga – é bom que o lembremos ) acontecidas na busca de alívio para vidas confusas, perdidas muitas vezes na falta de ideais, na crença de não ser possível trabalhar-se por um mundo melhor para todos...

Mas, enquanto as coisas continuam como estão, em relação às pessoas das quais vínhamos falando, devemos concluir que sejam simplesmente contra a descriminalização do aborto e não contra a perda de vidas? Não contra as mortes ou perdas de úteros de jovens pobres submetidas a intervenções - que continuarão a acontecer nos porões de nossa sociedade - sem nenhuma assepsia?

Diante de Deus, teria mais valor protegermos nossa pessoal ( e egoísta? ) evolução espiritual, abstendo-nos de discutir sobre o “pecado” da descriminalização do aborto ( assim considerado por muitos mesmo se praticado segundo critérios bem delineados ), do que nos preocuparmos com a vida e a fertilidade de jovens mulheres? Como afirmá-lo?

E o que dizer daqueles que se posicionam oficialmente contra a descriminalização do aborto, mas não hesitam em induzirem seus filhos e filhas ( ou amantes ) a interromperem, nas caladas das noites e contra a própria vontade, qualquer gravidez considerada por seus pais fora de hora ou em desacordo com as aparências a serem mantidas?

A hipocrisia de tais criaturas pode chegar ao máximo se conscientes de que não se importam de impedir o acesso à Saúde Pública das mulheres menos favorecidas, enquanto sustentam médicos pouco escrupulosos, quem sabe capazes de diagnosticar “metropatias hemorrágicas” - a serem tratadas em inocentes hospitais?; certamente mestres em suspeitas cirurgias dentro de clandestinas clínicas de luxo.

Enfim, quem defende a descriminalização do aborto, em nosso país, não é necessariamente a favor da prática em si. Inclusive, deveria defender paralelamente a criminalização de todos aqueles que induzissem qualquer mulher a essa prática. Seja em nome das condições exigidas a um “futuro promissor” ou da total falta de recursos materiais dos pais em potencial. Pois é indiscutível o fato de que um filho pode transformar para muito melhor a vida de qualquer pessoa ( sem falar que a adoção deve ser sempre uma possibilidade ).

E não podemos deixar de acrescentar que quem defende a descriminalização do aborto deveria defender a maternidade como um direito. Faço questão de frisá-lo porque me horrorizo diante daqueles que levantam essa bandeira paralelamente ao posicionamento a favor, por exemplo, da fascista ideia de esterilizar-se mulheres pobres.

Fico pensando, então...A interrupção dos primeiros momentos de uma gestação, segundo algumas informações, não diferiria em muito de outros métodos contraceptivos; e a anticoncepção, mesmo contra a determinação da Igreja, já é divulgada pelo Estado como parte de seu programa educativo... Por outro lado, o direito à vida é devidamente delineado por nossa Constituição, e, segundo especialistas, em respeito a tal princípio, os transplantes são permitidos apenas a partir do momento em que se constate a morte cerebral. Pelo mesmo raciocínio, alguns não consideram a existência de vida humana antes da formação do sistema nervoso. Assim, talvez se pudesse descriminalizar a prática do aborto se realizada estritamente dentro daquele período em que, a se supor anterior ao início da vida, permitisse algum alívio às consciências...

O que, de maneira alguma estaria sendo considerado “certo”, pois não estamos tratando aqui de uma oposição simplista do tipo “certo x errado”. Estamos falando de espécie de concessão ao provavelmente menos terrível. E aguardemos que um cada vez maior número de pessoas se conscientize de que precisamos arremessar para bem longe toda e qualquer hipocrisia a nos impedir de começarmos a discutir amplamente qualquer questão relacionada à construção de um mundo melhor para todos. E torçamos para que um cada vez maior número de pessoas se conscientize de que esse mundo melhor começa dentro de nós mesmos e se expande através de nossa postura diante de cada situação.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

SEGUNDO TURNO

Em tempos ainda de eleição, não resisto à ideia de sugerir a leitura dos dois artigos nesse blog intitulados "Respeitabilidade e Autoengano" ( abril de 2010 ), um deles também publicado pelo Boletim da UFMG. Lembrando que, sejam quais forem os fatores a contribuírem para o resultado no primeiro turno, certamente muito melhor do que ganharmos qualquer coisa imerecidamente é a perdermos sabendo que, se tudo corresse como deveria, o prêmio seria nosso.

Mantenho bons relacionamentos com pessoas que votam em Serra, em Marina ou em Dilma. E jamais questiono, a não ser em função da boa, pacífica e essencialmente democrática troca de ideias, a escolha feita por qualquer uma delas.

Afinal, se, de certa forma, nossas opções políticas podem acenar para um ou outro traço de nosso caráter, nem sempre isso pode ser medido a contento. Sem falar que são inúmeras as facetas em cada criatura com as quais podemos escolher nos relacionar, ainda que não lhe sejamos afins em vista de outras tantas.

No entanto, não posso deixar de sentir um aperto em meu coração, ao ver que a vitória de Dilma foi adiada, provavelmente em função do número daqueles que, confusos diante da compacta campanha contra ela, e querendo um candidato mais à esquerda do que Serra, rejubilaram-se ao constatarem, pouco a pouco, a possibilidade de escolherem a íntegra Marina Silva.

A eles, em função do segundo turno das eleições para presidente, pediria:

* pensem que, se Dilma e ( ou ) Lula estivessem envolvidos em qualquer falcatrua que os pudesse realmente desabonar, os jornais disso já teriam dado conta há muito tempo;

* pensem que todos os recentes escândalos, inclusive toda a nojeira possivelmente encontrada dentro da Casa Civil, em nada diferem – INFELIZMENTE! - de tantos outros casos, envolvendo tantos outros partidos, em tantos outros momentos de nossa História. O que talvez agora faça a diferença é que ficamos sabendo de todos os pormenores em torno do assunto. De qualquer modo, a indignação de nosso presidente jamais deveria ser associada a um seu possível desejo de ignorar qualquer sujeira apontada a seu redor, mas sim ao fato de nossa imprensa parecer falar muito sobre o que ele possa haver deixado de fazer de bom e sobre o que possa haver feito de ruim, por um lado; e muito pouco, de outro lado, daquele muito que tem feito de importante. A ponto de acabarmos chegando à conclusão de que sua popularidade – imensa! - dentro e fora do país seja decorrente do simples fato de que suas ações falaram por si mesmas;

* pensem que aqueles que menosprezam as medidas de amparo social implementadas no governo Lula, rotulando-as de populistas, estão se esquecendo completamente de que, se o povo chegou ao governo Lula tão carente e necessitado de tais medidas, foi porque foi assim que os presidentes anteriores o deixaram: enfraquecido. Certo é também que Lula, ao contrário deles, ora deixa um povo fortalecido, de barriga cheia, e pronto para pensar; pronto para usufruir de direitos que Dilma se mostra disposta a atualizar;

* pensem que um governo a favor dos pobres e dos mais fracos - em qualquer nível ou sentido - é, na verdade, o único governo a favor da população como um todo. Principalmente em países nos quais as questões relativas à Segurança e à Corrupção ( porque os grandes corruptos sempre precisam da ajuda daqueles que - vulneráveis - lhes sejam submissos ) precisam ser tratadas em suas primeiríssimas causas.

* pensem que, acima de qualquer religião, devemos privilegiar os principais valores da "religiosidade" que, em essência, referem-se ao desejo amplo e irrestrito de um mundo melhor e mais justo para todos.

Quanto a Marina, sabemos que, ao invés de conveniências políticas, confrontará questões ideológicas na hora de decidir quem apoiar para o segundo turno. Sabemos também que, não fosse assim, a grande vencedora desse primeiro turno veria a imagem construída ao longo dos últimos meses desmanchar-se completamente.

Assim, tenho certeza de que, em breve, veremos os partidos PV e PT muito bem entrosados, como faria todo sentido - dadas suas afinidades muito maiores do que qualquer atrito vaidoso - que o fossem desde sempre.

sábado, 2 de outubro de 2010

"É Proibido Fumar"

Coloquei o texto antes no blog, mas, como não tinha completa certeza do quanto não gostara ou gostara desse filme, achei por bem deixar meus comentários amadurecerem um pouco mais no rascunho...

O filme "É proibido fumar" não é um filme propriamente sobre pessoas comuns, mas sobre pessoas que, apesar de trabalharem com música, parecem desconectadas e incomumente mal sintonizadas com os próprios sentimentos...

A verdade é que a grande maioria das ditas pessoas comuns, ao contrário de Baby - personagem principal do filme, tem seus pequenos interesses e se dedica com carinho a alguma atividade que, ainda que das mais simples e mal remuneradas, preenche suas vidas e as tornam úteis...


Em nome do próprio umbigo, várias transgressões são por Baby a si mesma permitidas, a partir do momento em que acredita haver encontrado alguém que vá tapar o buraco da sua vida. Vida essa baseada em desejar sofá ( depois desprezado ) que ficara com uma das irmãs, em assistir a inutilidades na TV, em fumar, e em dar aulas de violão completamente desmotivadas.

Abrir mão do hábito de fumar em nome do relacionamento iniciado com o vizinho parece ser uma concessão importante... Mas basta-lhe prever a ameaça ao romance, surgida com a volta de uma ex-namorada, para que se sinta no direito de fazer orifícios na parede com o fim de espioná-los, além de voltar ao triste vício. Vício em nome do qual, saindo para comprar cigarros, acaba por atropelar acidentalmente o alvo de seus ciúmes.

É ao se ver em luta com sua consciência, uma vez que o atropelamento permanece por ser esclarecido, que a personagem parece viver o momento de maior humanização. Ao dizer à irmã preferida que tem algo para lhe contar, temos a impressão de que se refere a seu segredo. Mas, de repente, o que deixa sair, entre sentidos soluços, são lembranças carinhosas sobre uma tia falecida, cujo bolo de amendoim não poderia mais comer...

Naquele momento, ao buscar aflitivamente algo que pudesse disfarçar o anunciado desabafo que acaba preferindo não fazer, Baby talvez haja tocado num tanto das emoções represadas ao longo de sua existência... Se o disfarce muitas vezes mais revela do que encobre, talvez ela se haja percebido, ao constatar perdida a receita dos bolos de sua infância, a roçar a importância de outras perdas...

Outro momento digno de atenção no filme é quando, durante jantar, a professora de violão diz ao namorado ter algo a lhe revelar... Mais uma vez, somos levados a imaginar a confissão... Mas ela fala apenas de metade daquela culpa: voltara a fumar.

A imediata aceitação do rapaz ( que já não compara sua comida com a da ex ) a deixa satisfeita. Talvez pelo mesmo motivo que nós, ao contrário, experimentamos certo desconforto... Justamente porque entendemos tal atitude, vinda daquele que odiava a fumaça e que já descobrira o terrível segredo da namorada ( não ficando claro se sabia que se tratara de atropelamento acidental ), como espécie de declaração de sua disposição - em nome daquele relacionamento / salva-vidas para ambos? - de aceitar qualquer outra sua transgressão.

E saímos do cinema ( ou desligamos o DVD ) pensando que chega a ser irônica - apesar de absolutamente necessária - a proibição, em nome do bem-comum, de fumar em lugares públicos, em uma sociedade na qual tantas pessoas são capazes de viver egoística e amoralmente em nome de seus desejos e de suas ânsias.

"COMER, REZAR, AMAR"

A sensação que pode ficar após assistirmos a “Comer, Rezar, Amar” é a de que ouvimos o galo cantar mas não sabemos exatamente aonde...

Em sua proposta de registrar a busca pelo autoconhecimento vivida pela escritora do livro de mesmo nome e que de fato empreendeu as viagens à Itália, à Índia e a Bali belissimamente reproduzidas pelo filme, a película pode também ser vista como arremedo de volta em torno de nós mesmos. Viagem essa que, por sua vez, de um jeito ou de outro, empreende todo e qualquer ser humano decidido a desfazer-se de seus engessamentos - inclusive culturais -, em busca do sabidamente difícil “equilíbrio interior”.

“Comer” pode ser compreendido como ir ao encontro de nosso lado mais humano, instintivo mesmo. Implica em nos conhecermos através da observação de nossos instintos mais primitivos, associados ao próprio prazer que nos mantém vivos e em condições de contribuir para a perpetuação da espécie.

“Rezar” pode ser compreendido como ir ao encontro de nosso lado divino, de nossa capacidade de, após conhecermos a fundo nossas próprias vísceras, podermos identificá-las “religiosamente” com as dos demais seres humanos. “Ver-nos no outro e o outro em nós mesmos” poderia resumir essa face do filme, etapa fundamental para a descoberta do amor universal, metaforizado na história pelo nome da menina “Tutti”, filha da mulher que, em Bali, cuida daqueles que atende, enquanto fala do quanto se identifica com suas dores.

É interessante observarmos o quanto, apesar de o filme registrar que as observações e comentários feitos pelo “Xamã” a cada um de seus visitantes passam pelo óbvio ( não nos esqueçamos de que, ao final, ele menciona a própria morte ) - quase igual em todos os casos -, sua participação no processo de autoconhecimento de cada um não é desvalorizada. Justamente porque esse caminho acena mesmo e necessariamente para a humilde consciência de, apesar de todas as nossas idiossincrasias, sermos mais iguais uns aos outros do que a princípio poderíamos preferir acreditar.

“Amar” é, assim, a capacidade sempre latente em nosso coração e potencializada por todo o processo da busca de nós mesmos. É apenas quando nos conhecemos... É apenas quando, ao nos conhecermos profundamente, podemos nos aceitar integralmente ( no filme, chamam a essa aceitação de “perdoar-se” ) - e, por tabela, a cada outro ser humano - que nos tornamos capazes de Amar.

O amor pelos filhos - que, ao ser mencionado por dois personagens, emociona a cada vez mais brilhante atriz Julia Roberts – sempre foi exercício para o amor universal. Já o amor romântico, como o Xamã sabiamente explica, pode ser um saudável “desequilíbrio” no conquistado “equilíbrio interior” daquele que se determinou a caminho da própria alma.

Daonde, então, a sensação de que o galo cantou mas não sabemos aonde?

A verdade é que não fica claro no filme que o “equilíbrio interior” não seja um prêmio definitivo oferecido ao final de todo processo de autodescoberta. Ou que todo amor romântico vivido a partir de então não nos irá manter eternamente a caminho de uma linda ilha deserta – cena que encerra o filme...

Cabe a cada um procurar o canto do galo no fundo do próprio coração, certo de que “equilíbrio interior” não é a chegada a qualquer “platô” estático de bem-aventuranças... Certo de que “equilíbrio interior” é nada mais do que tentarmos manter, paralelamente a nossa busca cotidiana pelo nosso melhor possível, a humana, humilde e plena aceitação de todos os pequenos e grandes ciclos da vida, que certamente incluem as permanentes possibilidades da dor, da perda e da morte.