Antes tarde do que nunca, meu desabafo em relação à “grande”
festa do Cinema: nenhum prêmio para “O Lobo de Wall Street”?
Fico pensando que talvez mais interesse à Academia premiar
retratos da exploração exercida por Lobos deixados na História do passado...
Seria porque a humanidade - ou aqueles 99% que “puxam a
carroça” nas sociedades onde o capitalismo financeiro reine - precise acreditar
que barbáries como a delineada em “12 anos de escravidão”, ganhador do Oscar de
melhor filme, possam ser superadas, como tende-se mesmo a acreditar que superada
foi a escravidão (sem que se atente para as consequências dessa História
vergonhosa a se refletirem nos dias de hoje, produzindo uma cadeia sem fim de
causas e efeitos)?...
Ora, se a escravidão é responsável pelo flagrante fato de a
pobreza se identificar grandemente com aqueles de pele mais escura – resultado
de anos de preconceito e ausência de oportunidades, talvez possamos dizer que
ela, a escravidão, ainda não acabou. E que, de certa forma, continuará a
existir em toda sociedade em que alguns se considerem no direito de explorar,
de alguma maneira, outras criaturas, independentemente, inclusive, do seu tom de pele...
“O Lobo de Wall Street” conta parte da história dos modernos
senhores de escravos... O que poderia significar a premiação de tal filme?