Arquivo do blog

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

"OPINIÃO"

Sob o título “DESONESTO”, em um desses quadrinhos diários que veiculam a “Opinião” de seus editores, o Globo ontem publicou o seguinte texto:

“O Ministério da Saúde anuncia que a proporção de mulheres “negras e pardas” que morrem devido a complicações no parto é maior que a de mulheres brancas.
Mais uma pesquisa produzida no setor público sob o viés do racialismo. Soltam-se informações deste tipo, sem maiores explicações, para que fique subentendida a ideia estapafúrdia de que o fato se deve ao “racismo”.
Quando um minuto de reflexão sem desonestidade intelectual leva à explicação de que morrem mais negros na rede pública de saúde não por serem negros, mas por serem pobres e dependerem apenas do SUS.”

Sinceramente, será que o Ministério da Saúde deveria desenhar a relação estabelecida por sua pesquisa para que fosse melhor compreendida?
Afinal, parece-nos que seja simples assim. É maior o número de negras e pardas que morrem devido a complicações no parto do que de mulheres brancas porque, em um país onde durante tanto tempo imperou a escravidão, e no qual apenas muito recentemente começaram a ser implementadas algumas políticas afirmativas no sentido de atenuarem o resultado de anos e anos de preconceito e falta de oportunidades, existem mais mulheres pardas e negras pobres do que mulheres brancas pobres.
E a relação entre a pobreza e a morte prematura, sabemos bem, não passa simplesmente pelo fato de os pobres “dependerem apenas do SUS”. Passa por toda uma vida sem os cuidados necessários, sem a alimentação devida, sem o respeito merecido, sem...
Portanto, explicada está a relação direta entre a cor negra e a morte prematura, e certamente não só no que se refira às parturientes.
Afinal, trata-se de silogismo dos mais simples: existe uma relação direta entre a cor negra e a pobreza; existe uma relação direta entre a pobreza e a morte prematura. Portanto, existe uma relação direta entre a cor negra e a morte prematura.

E não compreender isso pode soar como ausência da consciência da responsabilidade de toda a sociedade diante da imperiosa necessidade de mudar o terrível quadro 

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

INTERESTELAR

Tempo e espaço. Vida e morte. Unidade e diversidade. A relatividade de todas as coisas... Eis algumas questões sobre as quais somos lançados enquanto assistimos a "Interestelar”.
Apesar das críticas que possam fazer ao filme especialistas em técnicas cinematográficas ou em Cosmologia, o espectador tem grandes chances de ampliar seus horizontes ao perceber-se parte de algo muito maior do que as quatro paredes de sua existência.
E é a própria intuição desse pertencimento que, de alguma maneira, parece se chocar com a visão, no filme, da solitária bandeira americana fincada no solo do planeta a ser colonizado pela e para toda a humanidade...
Afinal, seria verossímil que um dia o homem seja capaz de vencer todas as fronteiras do Tempo e do Espaço em viagens interestelares antes de criar uma bandeira que, afixada por onde quer que passe, represente todos os povos da Terra?

Obs. Pois, no próprio filme, fica clara a relação entre o amor e a possibilidade da intercomunicação entre as muitas dimensões do Universo