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sábado, 4 de maio de 2013

DENTRO DE CASA

A história linear pode ser cansativa, clichê mesmo. Fora uma ou outra abordagem interessante, como a crítica à “prostituição” da arte, por exemplo, o enredo aparente não impressiona muito.

 
No entanto, se passamos a ver o professor Germain e seu discípulo Claude como uma e mesma pessoa, o segundo nada mais sendo do que o Processo Criativo dentro do primeiro, o filme se torna bastante interessante.

 
Mais do que dentro de casa, “Dentro de Casa” talvez se passe dentro do professor-escritor.

 
Qual o preço que um autor deve pagar para abandonar a mediocridade comercial e realizar uma grande obra?

 
Deixar empregos ou relacionamentos, adoecer?

 
Revolver os arquétipos mais profundos da própria alma não pode acontecer gratuitamente. E, se, por outro lado, o material dos romances não pode vir de outro lugar que não aqueles visitados por seus autores, talvez seja mais comum do que possa imaginar o leitor ingênuo que os escritores algumas vezes transtornem as vidas daqueles que por ventura lhes sirvam de inspiração... Afinal, quantos de nós estamos livres de qualquer autoengano a ponto de aceitarmos que alguém nos revele a nós mesmos?

 
A verdade é que a última cena de “Dentro de Casa” aponta claramente para a possibilidade de interpretarmos o filme como metáfora ao escritor dentro do professor, a se debater entre suas atividades externas e suas múltiplas facetas internas. Não sendo difícil identificarmos ali a aproximação entre seu eu criativo e a “anima” de que falava Jung, o que acaba por refletir inclusive em seu casamento.

 
Ao final, a voz do “jovem aluno” nos diz que o professor, apesar de haver perdido tudo, ainda podia contar com ele... E encaramos, então, um Germain acabado(?), sentado ao lado de um radiante Claude, de frente para um prédio cujas janelas iluminadas enquadram cenas cotidianas as mais diversas, e que, temperadas à imaginação, podem ser pratos perfeitos para infinitas histórias...

Aniversário

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