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quarta-feira, 6 de julho de 2011

PRECONCEITO

Impressionante a força do preconceito em relação a tudo o que se refira às classes menos favorecidas...

O livro da professora Heloisa Ramos, “Por uma vida melhor” - que ainda não tive o prazer de ler -, parece haver atraído a ira não só de todos aqueles aos quais interessa a manutenção do status quo; mas também a dos que, humildes e absolutamente sufocados pela ideologia dominante, não conseguem compreender que pensam contra si mesmos.

Fico feliz por conferir que algumas almas iluminadas, como o escritor Francisco Bosco, acabaram escrevendo belos textos sobre o assunto. Mostrando o quanto a leitura sincera do livro em questão pode levar qualquer um a compreender que o objetivo de sua autora – nas polemizadas passagens - é simplesmente fortalecer a autoestima daqueles que se preparam para conhecer – naquele próprio livro - a dita norma culta de sua Língua.

Afinal, é preciso a certeza de que não se é “menos” do que qualquer um daqueles que nasceram com as concordâncias na ponta da língua, para que se possa, fazendo uso dos seus próprios manejos linguísticos, acessar outras modalidades do idioma pátrio.

Tanto é assim que, como professora de Redação, há muito concluí que marcar com traços vermelhos as incorreções gramaticais dos primeiros textos produzidos por qualquer aluno, de qualquer classe social, é garantia de limitar-se em muito sua capacidade criativa.

Primeiro, é preciso que os alunos acreditem que já estão – porque já estão -, de alguma maneira, atingindo o objetivo número um de qualquer Língua: a comunicação daquilo que pensam e sentem.

Depois, e somente depois, será possível que bons professores possam levá-los a DESEJAREM aperfeiçoar essa capacidade, através de muita leitura e orientações relativas às formas mais elaboradas da Língua.

Imagine que soube de alguém tentando comparar a linguagem humana à matemática, exigindo o acréscimo preciso dos sufixos para que a emissão de um pensamento ou sentimento pudesse ser aceita...

Num mundo onde, infelizmente, as humanidades estão sendo deixadas de lado em nome das ciências exatas; no qual atender ao interesse do mercado é o que se espera da Educação, não se tem mesmo tempo para a EDUCAÇÃO.

E EDUCAR, parece ser o que pretende a professora Heloisa através de seu trabalho, além de promover o acesso legítimo de alunos carentes a todas as esferas do saber.

Afinal, em tempos de discussão em torno do que seja "bullying", a escola precisa pensar em como promover e preservar o respeito de cada aluno por si mesmo; levando-o a saber que jamais terá de se envergonhar de sua origem ou diferenças.

Para que, em última análise, ainda quando, eventualmente, venha a ser de alguma forma provocado, ele possa escolher respeitar cada um de seus próximos.