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terça-feira, 21 de outubro de 2014

A FESTA DA INSIGNIFICÂNCIA

Em “A Festa da Insignificância”, de Milan Kundera, estranhamos a ausência de marcas comuns aos demais romances do autor, seja no que diga respeito à consistência narrativa, ou à complexidade do perfil psicológico de seus personagens.

Aparentemente “insignificante” em si mesmo, o livro, no entanto, acena para um gesto grandioso do escritor. Pois Kundera nos surge grande como sempre ao assumir a publicação dessa história meio gaguejante, meio claudicante... Metáfora em si mesma do próprio envelhecimento que não poupa sequer os grandes escritores?

Diante do absurdo da condição humana, somos todos nós insignificantes, essa é a verdade. E, se assumíssemos isso desde sempre, talvez algumas criaturas não se comportassem de maneira tão feia, muitas vezes durante toda a vida, sempre buscando formas de magoar aqueles que semeiem em seu interior qualquer dúvida sobre suas certezas.

Durante a leitura de “A Festa da Insignificância”, lembramos de Hannah Arendt... E fechamos o livro pensando na relatividade de todas as coisas. Do sucesso. Do fracasso. Da loucura. Da sanidade. Do importante. Do insignificante.
Certos, mais do que nunca, de que, como dizia Pascal , e como sempre pareceu saber Kundera, “só é grande o homem que se sabe pequeno”...