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terça-feira, 23 de agosto de 2011

O Discurso do Rei

Outro filme sobre o qual custei muito a escrever...

E que demorei também a assistir.

A verdade é que, após ler alguns comentários, sempre parecidos e positivos, sobre o enredo da premiada película, não cheguei a imaginar que, ao assisti-lo, desligaria a televisão tão insatisfeita: eu queria era conhecer mais da história daquele primogênito pouco focalizado; aquele que, em nome de sua história pessoal, resolveu abrir mão – e contente! - do trono, em benefício do irmão ansioso por libertar-se da gagueira e... ascender.

De histórias como a daquele é que estamos precisando!

Sinceramente, o que há de interessante ou de novo em alguém que faz de tudo para ter uma boa performance ao assumir o sôfrega e cegamente desejado Poder?

Ah!, isso me lembra Frei Betto, em “ A mosca azul...”:

“Para alguns, o poder é a suprema ambição. Há homens que fora do poder sentem-se terrivelmente humilhados, expulsos do Olimpo dos deuses. Como é difícil voltar ao que se era! Vargas preferiu meter uma bala no coração a ver-se destituído de poder. Jânio Quadros renunciou para ter mais poderes, mas calculou mal o lance. Honrosa exceção de desapego ao poder, a merecer estátua em praça pública, é o paulista que não quis ser rei, Amador Bueno da Ribeira, quando uma parcela da população de São Paulo se negou, em 1640, a reconhecer o reinado de dom João IV. Aclamado rei sem ter sido consultado, Ribeira não cedeu aos encantos do poder. Preferiu fugir e esconder-se a ter a cabeça ornada por uma coroa. Só em abril de 1641, São Paulo prestaria juramento a dom João IV. ( Certamente esta foi a nossa primeira manifestação de independência. )”

Voltando ao “discurso do rei”, não consegui compreender também o personagem principal como alguém cuja gagueira fosse símbolo de sua fragilidade - ou algo assim -, que, ao ser superada, representou uma grande conquista para um grande homem, responsável por sei lá que grandes feitos durante a segunda grande guerra mundial...

Ao contrário, acabei é concluindo que a gagueira era seu lado mais sadio, a protegê-lo justamente de sua inveja do irmão – mais próximo, então, do por ele ardentemente almejado trono... Do que teria sido capaz aquele homem se sua gagueira não houvesse colocado sua ânsia sob controle?

Quanto a seus feitos durante a guerra, ora, ora, ele simplesmente cumpriu o seu papel. Tomou as decisões que favoreciam seus interesses e que, graças a Deus, naquele momento, estavam do melhor lado.