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domingo, 21 de novembro de 2010

Cristovam Buarque ( 1 )

Parece que o senador Cristovam Buarque apresentou projeto de lei que obriga todo político eleito ( prefeitos, vereadores e deputados ) a colocarem seus filhos nas escolas públicas de suas cidades.

Excelente ideia, que deveria desde já receber todo o apoio possível. Seus presumidos efeitos, eu não preciso sequer enumerar...

Em texto intitulado “Sobre as Cotas”, julho/09, eu sugiro outra também interessante forma de levarmos cada um de nossos legítimos representantes a agir como tal. Veja no trecho abaixo:

“Assim é que fico imaginando o que poderia ser feito, paralelamente ao estabelecimento do sistema de cotas, no sentido de que dele pudéssemos abrir mão o mais breve possível. E não consigo imaginar seguimento da sociedade com mais DIREITO e OBRIGAÇÃO de participar diretamente desse momento do que nossos políticos.

Simplesmente porque se, escolhidos pelo povo - sobre o qual pesa toda a amorfa culpa histórica de que falávamos -, acabam usufruindo de inumeráveis benefícios, nada mais justo do que, também como nossos representantes, serem obrigados a contribuir com uma porcentagem da verba destinada a seus gabinetes ( que no Brasil parece ser três vezes maior do que nos países de primeiro mundo ) ou de seus salários, com o objetivo de criar condições, a médio prazo, de nossos jovens negros e pobres poderem ingressar por mérito nos cursos superiores de sua escolha.

Essa contribuição, além de destinar-se à melhoria da qualidade do ensino de modo geral, incluindo-se aí uma atenção aos cursos de formação de professores, poderia ter ainda um destino revolucionário.

Fico imaginando a possibilidade de uma MESADA a ser oferecida a cada aluno da rede pública, em pequenas parcelas diárias ou ao final de cada semana de aula ( garantindo sua presença na escola ), para que ele pudesse ter condições similares às de nossos filhos diante da rotina escolar: lanche ( além da merenda oferecida pela escola – por que não? ), material, LIVROS, passagens ( eles não precisam ir apenas à escola ), CINEMA, xeroxes, DIGNIDADE. O que, por acréscimo, ao desonerar suas famílias, acabaria por melhorar expressivamente sua qualidade de vida e, automaticamente, o aproveitamento dos estudantes.

Claro que cada aluno seria observado por assistentes sociais, psicólogos e professores no sentido de se identificar se estaria adquirindo o material necessário aos estudos, bem como andando limpo e alimentado. E, dentre os inúmeros benefícios de tal medida, registre-se que muitos desses jovens deixariam de ser alvo fácil de qualquer grupo que desejasse cooptá-los para o crime, acenando-lhes com dinheiro sujo e prazo de validade estreito. A escolha seria rápida: sua mesada, além de limpa, a acenar-lhes com a possibilidade do futuro.

Registre-se também que ninguém poderia acusar tal medida de “paternalista”, justamente porque é o que seria mesmo ela, uma vez que, em última análise, somos todos e cada um de nós, adultos, de certa forma, "paternalmente" responsáveis por cada criança que nos há de suceder no tempo e na História.”