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domingo, 21 de novembro de 2010

Cristovam Buarque ( 2 )

Em artigo intitulado “Gordura e crescimento”, publicado no jornal O Globo do último sábado, o senador Cristovam Buarque traça um interessantíssimo paralelo entre o excesso de gordura em nossas cinturas, sabidamente pernicioso, e a gordura acumulada pelas sociedades capitalistas.

As cinturas, em sociedades desiguais como a nossa, seriam as classes mais favorecidas, que representam os 20% que consomem, segundo o senador, 85% de todos os bens produzidos... Segundo o texto, tal concentração não pode ser considerada positiva, resultando em espécies de dores e tumores por todo o corpo social.

Ficamos sabendo ainda, durante a leitura do referido artigo, que andam em busca de um outro indicador para o progresso, em vista do total contraste da valorização do PIB com essa nova consciência – uma possibilidade seria o IDH -; e também que a Europa discute espécie de “Decrescimento Feliz”, que se resumiria no "decrescimento da produção de bens materiais e privados, com aumento na oferta de bens e serviços públicos e culturais".

Cristovam Buarque não se esquece de ressaltar que esse decrescimento, numa sociedade tão desigual como a nossa, não poderia ser linear, levando-nos a deduzir que, paralelamente a ele, ou antes dele, seria necessário implementar-se algumas reformas ( aquelas previstas no último Plano Nacional de Direitos Humanos? ).

Enfim, mesmo sabendo o quanto a novidade encontrará resistência, sabemos que o primeiro passo, que é pensar-se seriamente sobre o assunto, já foi dado. E, afinal, como lembra o senador, se houve um tempo em que as pessoas muito gordas eram símbolos de saúde, riqueza e satisfação, e hoje essa visão acabou por se inverter, é claro que podemos ter esperança.