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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

"Luminosa Escuridão"

Estava imersa em minhas impressões acerca ainda do filme "Nosso Lar" quando me chega o e-mail da prima e amiga Sandra, com quem tenho tido, principalmente ao longo dos últimos anos, o privilégio de compartilhar sentimentos e reflexões em torno de temas relacionados com a espiritualidade.

Dessa vez, ela quer dividir com os amigos belo texto de Huberto Rohden intitulado "Serenidade Mística"... Como um trecho desse texto é emblemático daquilo que venho tentando, de meu lado, dividir com meus leitores sobre o filme, reproduzo-o aqui:

"[...] Esse estado é essencialmente anônimo. Deus é o rei dos anônimos - e é por isso que os homens lhe dão tantos nomes, porque nenhum deles define o indefinível, o inominável.
Paulo tentou definir o estado anônimo do homem imerso na atmosfera da indefinível Divindade, mas acabou confessando que o que ouvira eram "árreta rémata" - "ditos indizíveis"...
Agostinho procurou atingir o intangível - mas capitulou com armas e bagagens e gemeu sob o peso da sua incompentência....
Tereza D'Ávila, João da Cruz, Eckehardt e tantos outros falam em "luminosa escuridão", em "solidão sonora", "no silêncio deserto da Divindade", no "vácuo da plenitude", e outros paradoxos que nada dizem - e muito fazem adivinhar.
Um desses ébrios da Divindade chega a dizer que esse estado místico é um "des-nascimento" - e esta palavra é uma das mais felizes e verdadeiras. Pelo nascimento se materializa o homem - é necessário des-nascer para a matéria, a fim de poder renascer para o espírito. [...]"

Destaco o belo paradoxo "luminosa escuridão": acredito que seja em torno de imagens como essa - a evidenciarem a "coexistência sobreposta" entre o preto e o branco, entre o claro e o escuro - que dever-se-iam reunir os cineastas dispostos a se desfazerem do engessamento de certos conceitos em face de futuras criações do gênero espiritualista.
( Vide nesse blog texto intitulado "UNIDADE", 06/09 )