Noite dessas tive um sonho muito estranho... Foi um pesadelo.
Alguém me dizia:
__ Acha mesmo que um dia seu romance “A Juíza”, por mais maravilhoso que seja, vai conseguir ser aprovado publicamente por aquela pessoa?
No sonho, eu compreendia perfeitamente a que pessoa se referia meu interlocutor. Depois de acordada, no entanto...
De qualquer forma, lembro de haver respondido:
__ Por que não?
E a resposta veio sem se fazer de rogada:
__ Ora, você e essa sua ingenuidade que às vezes beira à burrice! Estou falando de que pessoas como ela, cujo aval a seu livro poderia lançá-lo à lista dos mais vendidos, tem uma ou outra causa na Justiça, ou teme vir a ter alguma...
__ E daí?, devolvi eu.
__ E daí que, ainda que seu livro seja uma obra de ficção, certas pessoas podem temer que confundam sua aprovação a ele com crítica ao judiciário... Ou, quem sabe?, a algum juiz ou juíza do qual estejam precisando no momento... Depois, você já ouviu falar em corporativismo?
Indignada, antes de acordar, encerrei a conversa:
__ Como assim??? Não, não acredito no que diz, não.
Meu livro é um romance e sequer é ambientado com exatidão no tempo ou no espaço... E ainda que fosse ele espécie de crítica a parcela do judiciário, pense: aqueles que agissem da maneira que você sugere, sem coragem de opinar sobre um texto literário - seja por medo de sofrer algum tipo de represália, seja por alguma espécie de fidelidade distorcida - é que estariam fazendo à Justiça, em toda sua inteireza, uma baita crítica.
No meu entender, isso, sim, é que seria ofensa.