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terça-feira, 2 de junho de 2009

A Igreja do Diabo ( Machado de Assis )

Que melhor metáfora para a impossibilidade humana de se manter univocamente no caminho escolhido, qualquer que seja ele, do que esse conto de Machado de Assis?
A ambiguidade que perpassa todos nós a cada escolha, a cada posicionamento, é magnificamente identificada pelos leitores na incapacidade dos personagens do conto de se manterem fiéis à Igreja do Diabo, ainda que nessa Igreja todos os pecados lhes sejam, mais do que permitidos, incentivados.
É quando se veem obrigados a viverem sua gula, avareza ou inveja sem qualquer restrição ou limite que, de sua sombra, emanam, às escondidas, gestos de caridade, parcimônia e solidariedade.
E Deus explica o ocorrido ao decepcionado Diabo:
"__ Que queres tu, meu pobre Diabo? As capas de algodão têm agora franjas de seda, como as de veludo tiveram franjas de algodão. Que queres tu? É a eterna contradição humana."