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domingo, 31 de maio de 2009

"Homossexuais, sim. Hipócritas, não."

Sob a direção do respeitado documentarista Kirby Dick, autor do importantíssimo “Twist of faith” ( sobre a pedofilia na igreja católica nos Estados Unidos ), o documentário “Outrage”, ainda sem data para estrear no Brasil, trata da hipocrisia daqueles políticos que satisfazem às escuras seus apetites homossexuais, enquanto, à luz das lâmpadas de seus gabinetes, tomam decisões preconceituosas e lideram campanhas no sentido de impedirem, em seu país, a aprovação dos direitos civis dos gays.
A verdade é que tal comportamento, infelizmente, talvez esteja mais disseminado em nossa sociedade do que possamos imaginar.
Se, no caso dos citados políticos, as atitudes hipócritas parecem ser movidas pela ambição ao poder, cuja conquista ou manutenção acreditam não ser compatível com o exercício da honestidade, inclusive no que concerne às suas escolhas sexuais; em todos os setores de nossa sociedade, podemos observar comportamentos similares em muitos dentre aqueles que, por motivos vários, não desejam se assumir diante da família e dos amigos.
Registre-se que os maus tratos aos quais alguns são capazes de submeter qualquer homossexual, em última análise, são prova do pouco crédito dado à sensibilidade daqueles que os cercam. Incrível como parecem acreditar que jamais os descobrirão gays se, alto e bom som, discriminarem todo e qualquer assumido que cruze seu caminho!
Por outro lado, se estes se comportam assim, quase maquiavelicamente, não são poucos os que agem de maneira completamente inconsciente. Recusam-se de forma total e absoluta a admitir até para si mesmos seus impulsos, manifestando sua intolerância contra qualquer gay de maneira quase reflexa, como a tentarem destruir no outro aquilo que eles próprios mantêm nas sombras de suas almas e os assusta profundamente.
E a coisa pode ir mais longe: outro dia ouvi uma conversa na qual uma moça contava estar sendo vítima da desmoralização promovida por uma pessoa que ela havia descoberto ser homossexual - embora ninguém disso pudesse suspeitar. Com medo de ver seu segredo revelado e para garantir que qualquer coisa dita pela colega fosse lançada à razão do descrédito, a criatura, aproveitando-se de sua ascendência sobre os colegas de trabalho, começara a comprometê-la com uma série de insinuações maliciosas.
Enfim, talvez seja bom deixar claro que não estamos falando aqui daqueles que, por razões várias ( incluindo-se aí, provavelmente, o medo dos ataques dos quais vimos tratando ), preferem manter total discrição sobre seus desejos, conservando, no entanto, e acima de tudo, o respeito pelos outros seres humanos. Eles apenas exercitam o direito de decidir sobre sua vida e o momento de informar quem quer que seja sobre suas características mais íntimas; sendo capazes de perceber o homossexualismo como uma das múltiplas faces da variedade humana.
Quanto aos abutres de si mesmos, sobre os quais vínhamos falando, olho neles!, pois, além de infelizes, são perigosos. Como, de resto, todos aqueles que, por uma ou outra razão, escolheram viver na hipocrisia.