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quarta-feira, 14 de abril de 2010

Aos padres homossexuais

Não consigo compreender por que as pessoas teimam em fazer associações totalmente desnecessárias – e absurdas - no momento em que se propõem entender melhor o comportamento humano, ou um desvio dele.

Pedofilia é perversão. Ponto. Podemos admitir que seja, no máximo e se especialistas o afirmarem, algum tipo de doença. É caso de polícia, ou de polícia e médico.

Em relação ao escândalo envolvendo sacerdotes pedófilos, tentar associar a trágica situação tanto com o celibato quanto com o homossexualismo seria no mínimo um despropósito. Sendo que, no caso dos homossexuais, seria mais um tipo de preconceito e outro estigma para carregarem nesse já difícil processo de afirmação em busca de uma sociedade mais consciente e respeitadora da pluralidade. Sem falar que isso poderia vir a fortalecer aqueles que preconceituosamente pretendam instituir algum tipo de restrição aos membros desse grupo no momento em que almejem seguir sua vocação, religiosa ou não.

Mais fácil de compreender a dificuldade desse tipo de associação simplista: dizer-se que um padre que mantenha filhos às escondidas - ou uma amante, seja ela ou não uma freira – tenha resvalado para essa situação por conta de sua incapacidade de adaptar-se ao celibato parece fazer algum sentido, não é? No entanto, quantos de nós, muito bem casados, não andam por aí formando outras famílias, ou mantendo relacionamentos sexuais avulsos a três por dois?

Por outro lado, já cansamos de ver histórias de pedófilos que são casados e pais – inclusive esse parece ser o caso do último assustador perverso e assassino que está nos jornais.

Bem, se acolhemos como verdadeira a premissa da culpa do celibato, logo vemos que ela não se aplica aos padres de natureza homossexual, uma vez que, pelo menos aqui, o casamento entre pessoas do mesmo sexo ainda não é permitido a quem quer que seja. E a explicação fica pela metade...

Dessa forma, somos obrigados a concluir que, se fizermos questão de identificar simplistamente o que fragiliza nossos sacerdotes em sua totalidade, talvez nos deparemos com seus “votos de castidade” - dos quais o celibato é uma face.

E poderíamos afirmar que, se tanto o padre heterossexual quanto o homossexual pudessem ter uma vida sexual e afetiva como qualquer outro de nós - casando-se ou não ( e a legalização da união entre pessoas do mesmo sexo, com a compreensão da igreja, então, acabaria por se tornar uma possibilidade ), sem dúvida eles seriam........... menos "autoenganados", mais felizes, e trabalhariam melhor. O que, no meu entender, em relação aos padres sadios, seria a única diferença.

CHEGAMOS AO PONTO: é provável que os casos de perversão na igreja como um todo, então, acabassem por diminuir e os que ocorressem fossem rapidamente detectados SIMPLESMENTE porque sexualidade, sexo e vida afetiva deixariam de ser tabu... E onde há luz, há luz.

Obs. Leiam ainda nesse blog: "Homossexuais, sim. Hipócritas, não." ( I e II )