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sexta-feira, 22 de maio de 2009

RACISMO

Mandei meses atrás, para o Globo, e-mail mais ou menos assim:
Li na coluna de uma conhecida jornalista que considerava o fato de a primeira dama dos Estados Unidos haver alisado os cabelos para a solenidade de posse de seu marido prova de que não se assumia enquanto negra.
Por quê?, eu me perguntei, já que, sendo branca e tendo o cabelo mais liso do que gostaria, algumas vezes fiz um permanente bem enrolado, e não fui acusada de desprezar minhas origens europeias?

Tal interpretação da atitude da mulher de Obama não é muito diferente daquela de grupos bem intencionados ou de ONGS respeitadas que, ao lidarem com jovens carentes, em sua maioria negros, imediatamente viabilizam cursos de capoeira, música afro etc, mas se esquecem de aulas de filosofia, literatura universal, dança clássica...
A impressão que tenho é que isso acaba sendo uma espécie de racismo. É a própria segregação dos negros, obrigando-os aos limites de suas características físicas ( contornados, à vontade, por todos nós ) e de suas heranças exclusivamente africanas. Infelizmente, isso ocorre com a colaboração daqueles negros que, por sua vez, pensam que a construção dessa "black power(?)" será sua forma de se opor àquela que chamam ( racistamente também? ) de "cultura branca, elitista, ocidental etc".
Gente!, não existe cultura branca, e não existe cultura negra, estanques. Tudo o que temos aí é patrimônio da humanidade.
E, a menos que se recusem a fazer uso de modernas tecnologias, de grandes ideias ou mesmo dos avanços da ciência e da medicina, os negros e os brancos terão de admitir que tudo o que nos cerca é resultado do esforço de todas as civilizações que nos precederam: negras, brancas, vermelhas ou amarelas.
A física moderna nos acena com a certeza de que somos, enquanto humanidade, um todo. Chega de tentarmos cristalizar qualquer uma de nossas emanações. Chega de transformarmos cultura em caricatura.
Deixemos, a exemplo da família de Obama, que todas as culturas se diluam em uma só cultura.
Aqui, em nossa realidade brasileira, em particular; e em nossa realidade humana, de modo geral. Que todas as influências que sofremos - ainda que chegue o dia em que não possamos mais delimitar onde começa ou acaba qualquer uma delas - se trasnformem em NÓS, acima de tudo, seres humanos.
( Não foi publicado )