Saímos do cinema, após assistir a “Lincoln”, com uma
pergunta fixa:
Então, os fins justificam os meios?
Segundo um amigo, cada caso é um caso e deve ser estudado
cuidadosamente...
Então, por que sempre queremos generalizar, protegendo-nos
com regras absolutas?
Depois de muito refletir, cheguei a uma conclusão bastante
simples.
A verdade é que, de certa forma, o fim sempre justificou os meios, desde que esse fim fosse realmente relevante.
Determinar o realmente relevante – em situações que não contem
com a ajuda de qualquer descrição legal - é que talvez seja a grande e perigosa questão...
No caso de "Lincoln", acabar com a escravidão talvez possa ser
encarado como legítima defesa, uma vez que os negros eram cotidianamente
vítimas de crimes bárbaros. E, em legítima defesa de si mesmo ou de outrem,
como sabemos, todas as leis se relativizam, desde que não haja vítimas
inocentes.
Obs. Em “Django livre”...:
1) Django deixa um escravo inocente ser devorado vivo por cães raivosos,
notadamente com o objetivo de convencer o dono da fazenda das alegadas motivações
de sua ida até ali, o que poderia lhe abrir caminho na busca de sua esposa...
Sendo que o escravo era totalmente inocente em relação ao sofrimento da escrava
em questão; não sendo sequer possível associar, com segurança, a libertação da
mulher ao chocante episódio, não pode haver justificativa ou atenuantes para tal barbaridade.
2) O ex-escravo Django se dispõe a participar do crime institucionalizado,
ao se associar ao “carismático” matador
alemão que lhe surge pela frente.
Como um tipo de crime institucionalizado pode ser melhor do
que outro? Quem garante que toda a lorota que o alemão contava sobre cada uma
de suas vítimas fosse sempre a pura verdade?
Novamente, nada de meios justificados.