Parece mentira, mas, mais uma vez, vemos pessoas, inclusive apresentadores de programas televisivos, desfazerem da esposa do presidente dos Estados Unidos...
Mais uma vez, o cabelo bem tratado e arrumado da sempre elegante Michele Obama parece servir de pretexto para a expressão de impressões, a meu ver, essencialmente racistas...
Em programa matinal sobre saúde, há pouco, acabo de ver comentários irônicos sobre a "chapinha" do cabelo da primeira dama americana... Inacreditavelmente, ali, chegaram a fazer "piada" sobre a possibilidade de chover...
Por trás, o desejo - algumas vezes explicitado por respeitáveis membros de nossa sociedade,e até mesmo, pasmem!, por algumas mulheres negras - de insinuar que o racismo parte dos próprios negros quando "rejeitam" seus cabelos naturalmente crespos?...
Mas nós sabemos bem onde o racismo está: ele está justamente em mais esse grilhão especialmente imposto à mulher negra. Por que ela, ao contrário do que é inerente ao feminino, estaria obrigada a nunca variar?
Por que todas as mulheres do mundo podem, o tempo todo, mudar os cabelos, encrespando-os, ondulando-os, alisando-os um pouco mais, colorindo-os etc, e as negras não?
Por que o permanente sempre foi uma possibilidade para as brancas de cabelo minguado - eu mesma utilizei o recurso inúmeras vezes -, sem que qualquer acusação de rejeição a suas origens europeias lhes fosse impingida?
Tema para reflexão.