Aparentemente “insignificante” em si mesmo, o livro, no
entanto, acena para um gesto grandioso do escritor. Pois Kundera nos surge
grande como sempre ao assumir a publicação dessa história meio gaguejante, meio
claudicante... Metáfora em si mesma do próprio envelhecimento que não poupa
sequer os grandes escritores?
Diante do absurdo da condição humana, somos todos nós
insignificantes, essa é a verdade. E, se assumíssemos isso desde sempre, talvez
algumas criaturas não se comportassem de maneira tão feia, muitas vezes durante
toda a vida, sempre buscando formas de magoar aqueles que semeiem em seu
interior qualquer dúvida sobre suas certezas.
Durante a leitura de “A Festa da Insignificância”, lembramos
de Hannah Arendt... E fechamos o livro pensando na relatividade de todas as
coisas. Do sucesso. Do fracasso. Da loucura. Da sanidade. Do importante. Do
insignificante.
Certos, mais do que nunca, de que, como dizia
Pascal , e como sempre pareceu saber Kundera, “só é grande o homem que se sabe
pequeno”...