Dias atrás, o Globo, na seção “Conte algo que não sei”,
entrevistou Theodore Marmor, professor emérito de Yale.
Do especialista em políticas públicas, o entrevistador, em
dado momento, quis saber:
“O Brasil tem algo a ensinar para os EUA quando se trata de
políticas públicas?”
Resposta: "Nos últimos dez anos, houve um movimento social
impressionante para uma diminuição da desigualdade. Os americanos ficariam
surpresos em aprender. Houve apoio político para que o governo mudasse a
distribuição de renda de forma muito substancial.”
Insatisfeito, talvez, com tal resposta, e após abordar outras
questões, o jornalista encerra a matéria com a seguinte pergunta:
“No Brasil, há uma sentença popular que diz que não se deve
dar o peixe, mas ensinar a pescar. O que acha disso?”
E obtém a excelente resposta: “Esse é um clichê que ouvi por
40 anos. É uma abordagem simplória quando se trata de pessoas pobres,
desempregadas, prejudicadas(*), doentes, em situação de caos social e outras
circunstâncias do tipo.”
Portanto, enquanto medidas amplas e abrangentes - como a taxação
sobre as grandes fortunas, por exemplo - não sejam implementadas, continuemos a
aplaudir as políticas públicas de distribuição de renda do atual governo, beneficiando
os pobres de modo geral; paralelamente à implantação de políticas afirmativas
no que se refira aos especialmente prejudicados (*pela escravidão), que, ao
longo do tempo, têm visto fechadas um número ainda maior de portas